sábado, 22 de maio de 2010

Lua

Aqui, é tudo tão luminoso que tenho dificuldade em ver. O primeiro pé pisa uma superfície gelada e o segundo segue-o inconscientemente. Branco, é tudo quanto avisto e a infinita dimensão deste espaço assusta-me e não sei se sou capaz de me desprender daqui. Caminho e uma luz mais forte que qualquer outra que alguma vez conheci,aproxima-se. Antes de ter tempo de me questionar acerca do que se passava naquele momento, o foco partiu em busca do que procurava, deixando-me para trás. As pernas tremem incessantemente mas a vontade é superior e corro sem ser capaz de respirar. Não identifico nada por onde passo, não distingo formas nem contornos mas isso há muito que deixou de ser a minha prioridade.

Após tamanha perseguição, a luz interrompe a sua fuga e o riso de uma criança torna o silêncio ensurdecedor. Sobre a sua cabeça, frágil e pequena , aquela luz dissipa-se. Os olhos penetram-me a alma e o seu cabelo parece permanentemente despenteado. Estou frio não de medo, mas de incerteza e dúvida. A única coisa quente naquele perímetro é a mão dela que procura a minha e a aperta com uma força inexplicável. Os seus lábios roxos esboçam um sorriso que me tranquiliza instantâneamente. Sem pensar, beijo a sua testa inocente e suave e a humidade quente da ternura desaparece sem deixar rasto. Onde estará ela? Partiu sem dizer nada...Acordo, desvio as cortinas com as mãos dormentes e suadas e olho o firmamento.Nessa noite, a Lua brilhava.

Sem comentários:

Enviar um comentário